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A Mulher Selvagem: O Poder Interior que nos cura

“Ao procurar conselhos, jamais dê ouvidos aos tímidos de coração. Seja gentil com eles, tente incentivá-los, mas nunca siga seus conselhos. Se você alguma vez foi chamada de desafiadora, incorrigível, esperta, saliente, insubmissa, indisciplinada, você está no caminho certo. A Mulher Selvagem está por perto. Se você nunca foi chamada de nada disso, ainda é tempo! Ponha em prática a Mulher Selvagem. Ande! (…) Se você não é livre para ser quem você é, então você não é livre…” (Clarissa Pínkola – autora de Mulheres que Correm com os Lobos)

O arquétipo da Mulher Selvagem foi desenvolvido mais especificamente por Clarissa Pínkola, autora da obra-prima eternizada: Mulheres que Correm com os Lobos. Entretanto, a representatividade desse arquétipo possui muitas faces, verificada ao longo da história através de diferentes lendas e mitos, em diversas culturas. No livro: A Jornada da Heroína, por exemplo, publicado em 1990 e reeditado lindamente em 2020, verificamos uma narrativa magistral, profunda e intensa, cuja representatividade desse arquétipo é vista em meio à trajetória de análise histórica dos mitos das principais deusas. Em paralelo, a busca da mulher para se reconectar com o feminino, sedenta por reencontrar a sua mulher selvagem numa narrativa que retrata casos reais.

A jornada de mergulho na noite da alma para iluminar nossos oceanos emocionais profundos, resgatar as pérolas da consciência e as partes de nós mesmas, rever e transformar nossas crenças, leva tempo. Pode levar meses e anos para algumas, décadas ou uma vida inteira para outras. Esse processo de mergulho, resgate, reencontro, desapego, transformação e integração do Eu feminino é uma iniciação, o final de um ciclo e o início de outro automaticamente. É circular, não linear. É cíclico, feito de muitas fases, de idas e vindas, de sombras e luzes.

Portanto, não temos como programar na agenda. É a alma que muitas vezes dita as regras, é o corpo que pede paradas obrigatórias, é a mente que anseia por clareza, compreensão, discernimento: o “cair de fichas”. É o emocional que busca por verdades profundas e nos arrasta, sem aviso prévio, para olharmos sem julgamento e com olhos de amor àquelas emoções há tanto tempo reprimidas, renegadas ou guardadas à sete chaves dentro de nós.

E o resultado vai depender do quanto estivemos comprometidas em ser quem somos ao longo da vida, fiéis ao nosso propósito, em busca das verdades e dos valores que acreditamos nos fazerem bem, fazer nosso coração vibrar, livres para ser quem somos tanto no que tange às nossas qualidades e talentos, quanto no que tange ao reconhecimento dos nossos limites e vulnerabilidades. Afinal, mulheres selvagens também são mulheres fortes; e mulheres fortes também podem ou precisam aprender a dizer não. Sabemos que esse é um processo longo porque não fomos ensinadas a ser quem somos, mas aprendemos que essa verdade jamais poderá estar dissociada de nós. É uma parte de nós, está gravada nas nossas raízes e no nosso DNA.

Quando presente, a Mulher Selvagem vai pedir que você reserve um tempo para si, para estar no seu tempo, no seu biorritmo. Apenas você com você mesma. De tempos em tempos ouvimos esse sussurro, recebemos este chamado em sonhos, intuição e insights, mas vamos renegando em prol dos outros e da rotina, e nisso essa conexão primordial vai sendo deixada de lado, até que já não lembramos mais como é ser e sentir-se livre, como é ser “selvagem”. Mas, no nosso íntimo, da força que brota das nossas raízes, sabemos que precisamos desse autocuidado e auto-amor para continuarmos a nossa jornada, para que a vida faça sentido. Precisamos desse momentum para estar “fora do tempo humano”, no tempo da alma.

Então, construa esse espaço onde você possa ouvir apenas a sua voz interior, a sua respiração, os seus anseios e necessidades profundas, a sua alma e o seu coração. É nesse silêncio que você será capaz de ouvir a si mesma e clamar pela roda de cura daquelas que vieram antes de você e que te apóiam agora: não estamos sozinhas. Terá mais clareza para reconhecer e estar frente à frente com a sua Anciã interior, resgatando as suas sabedorias natas, permitindo que as repostas brotem de dentro de você, sem mente, sem compromissos, sem papéis sociais e sem máscaras. Deixe a Mulher Selvagem entrar para te mostrar como é ser livre novamente! Essa liberdade vem de dentro. Presenteio você com esta mensagem canalizada. Que ela possa despertar a Mulher Selvagem que habita em você! Namaste! ❤

“A Mulher Selvagem chama. Ela quer que sua voz seja ouvida novamente. Ela vem de dentro das minhas profundezas para resgatar-me. Eu a ouço, eu a chamo, eu a ancoro, eu a honro, mas meu entorno não a compreende, não faz questão de saber sobre suas necessidades reais, suas aspirações, sonhos e desejos interiores.

O corpo fala, é preciso ouvi-lo. A mente adoece o corpo, mas a alma cura. A Mulher Selvagem é a intuição, o instinto de sobrevivência e proteção, a alma de toda mulher que sempre aparece das profundezas das suas raízes ancestrais, da força que floresce do seu útero, da coragem e da profundidade que abarca o seu coração.

A Mulher Selvagem vem para resgatá-la quando você precisa integrar novas partes de si mesma ou quando esqueceu de partes de si durante a sua jornada pela noite da alma – a pandemia e este momento de pós-caos foi uma iniciação pelos desertos da alma para muitas de nós.

A Mulher Selvagem é aquela que não pode ser domesticada: nem coleira, nem coerção. Contém dentro de si a energia da criação e um amor imenso pela Vida que pulsa e renasce todos os dias! Ela vem despertar algo que ficou adormecido por muito tempo dentro de você. 

Mas, não espere por compreensão, por entendimento do seu processo interior, a menos que conheça outras mulheres que passaram pela noite da alma transformando sombras em luz, que tenham despertado a sua mulher selvagem e, assim, saberão ouvi-la, enxergá-la, compreendê-la e senti-la com o coração, tendo ativo o faro da loba.

Uns olharão para você e dirão: “O que está acontecendo com você? Está muito desequilibrada, muito tensa, precisa se acalmar” (como se fosse possível ter um botão para desligar ou silenciar certos sentimentos … mas é assim que muitas mulheres vivem: silenciadas). Nesses casos, o silêncio da expressão nem sempre é uma opção para a resolução de problemas e desafios.

Outros tentarão tolher o seu momento de resgate, transformação e empoderamento, o seu processo de reeencontro com a mulher selvagem, prometendo trazer à luz “o melhor de você”, e poderão dizer: “precisa procurar um psiquiatra, tomar uma medicação, quem sabe ser internada numa clínica” (como se as dores da alma pudessem ser curadas com esses métodos). 

Outros no caminho, talvez emocionalmente mais inteligentes dirão: “Desapegue do que houve, vá em frente! Você consegue e supera. Tem força e coragem para isso. Leve o tempo que você precisar. Estou aqui ao seu lado quando precisar. Foque no principal objetivo do que precisa conquistar para si” (e essas são conquistas interiores, não podem ser mensuradas quantitativamente, nem possuem uma data específica para serem programadas).

Certamente, nenhuma dessas pessoas poderá de fato compreender o que quer que você vivencie se essas opiniões vierem de homens não resolvidos com seu Eu feminino ou de mulheres que colocam o seu masculino à frente e abafam/ negam a natureza intrínseca do feminino, resultando em femismo ou feminismo extremista.

Elas seguem o modelo de um masculino que as fortalece por um lado, mas por outro sufocam seus anseios, suas necessidades como mulher, deixando de lado seus sonhos e propósito em detrimento de fama, status, posses, cargos e a necessidade de manter uma imagem que não a faz feliz – mas que garante a sua aceitação numa sociedade ainda tão sedenta do equilíbrio sagrado que habita entre o masculino e o feminino: quando há respeito e compreensão, paciência e boa vontade, a sintonia de coração, a parceria e o apoio mútuos, ambos crescendo e progredindo juntos.

A Mulher Selvagem é brava, ela ruge, ela expressa. Ela não tem tempo para inércia porque ficou muito tempo renegada, às escondidas, contida por uma compulsória pandemia, pelos padrões sociais discriminatórios de raça e gênero, pelas crenças, costumes e tabus culturais – o que pode e o que não pode, o que é certo ou errado, “sobre isso não falamos”, “o que os outros vão dizer, pensar” – pelas próprias mulheres de sua convivência. 

Ela quer se fazer ouvir, ela quer sair, quer cantar e expressar, quer ser livre para Ser o que é em essência humana e divina. Ela quer amar sem medos, sem julgamentos, sem ninguém que a diga o que e como fazer, sem pessoas que a menosprezem e a usem, sem ninguém que só deseje usufruir da sua força e luz que corre sagrada do seu cálice interior. 

A Mulher Selvagem é uma fonte de vida, uma força da natureza dentro de cada mulher. Ela quer voar, correr vital como sempre foi e é, ela quer sair do confinamento, da jaula e das prisões construídas pela sociedade, pela família, pelos relacionamentos que não a fazem crescer, pelas empresas que só esperam dela uma ilusória “mulher-maravilha” – a eterna guerreira solitária – que já virou síndrome.

E no confinamento, muitas mulheres esqueceram das suas mulheres selvagens. Vivem até hoje a síndrome da guerreira solitária que só conhece luta e conquista, esquecendo que a vida precisa também ser leve, amável, prazerosa, alegre, contemplativa e vital. Muitas das mulheres com quem converso estão exaustas. Muitas de nós estamos cansadas, exauridas de rotinas e cenários que não nos fortalecem. E ainda tendo que se virar-revirar nas funções de mãe, esposa, filha, irmã, empresária, chefe de empresa… Precisamos então resgatar essa mulher selvagem, querer crescer e nos transformar com ela. Ela é parte de nós!

A Mulher Selvagem sou Eu, é Você, é em mim e em você. Ela também é Nós, quando nos grupos de apoio e de autocura, nos círculos do sagrado feminino sem competitividade, sem julgamento, com amor e sororidade. É ali que nos reencontramos. Ela faz parte do Eu Inteiro de toda mulher, por isso não pode ser amarrada num calabouço. Sua força interior é mais forte do que qualquer prisão. 

A Mulher Selvagem é o instinto, a intuição e o sexto sentido, a astúcia e a ousadia, a força e a coragem, a paciência e a persistência para ser e fazer diferente quando não se está bem consigo, quando não se está feliz na vida que se escolheu para si. Ela também é a ira, os medos, a raiva contida, as lágrimas não derramadas, as feridas esquecidas e os traumas não curados por ser constantemente renegada e tolhida na expressão do Ser, nos seus sentimentos e desejos mais profundos. 

A Mulher Selvagem é uma parte de todas nós mulheres e, como tal, selvagem por ser livre. Quando acuada, abafada, renegada, julgada ou excluída, um dia virá de dentro de você com força total para mostrar o que você anda negando sobre si mesma, para fazer você ver que as coisas como estão não podem mais continuar. Mas também para mostrar uma saída.

Renegar a mulher selvagem é negar uma parte do seu Self, o Ser que se é. Ela virá como um furacão em sua vida para descabelar você, para levar você fundo dentro de si novamente, lá nas suas raízes e nas suas partes ainda obscuras pela consciência, para revelar a verdade e dizer: “Mexa-se! Não adianta chorar, reclamar, achar ruim e se fazer de vítima!

Aqui embaixo não há lugar para vítimas, apenas alpinistas de si. Levanta e segue. Eu vou mostrar um caminho, uma saída, uma luz no fim deste túnel, deste buraco onde agora você está junto comigo. Vamos sair juntas para nunca mais entrar em outro igual novamente – então, preste atenção para aprender tudo o que precisa enquanto estiver aqui.”

E você certamente aprenderá a lição, muitas lições, porque nessa altura do campeonato já terá sacrificado algo de si ou mais de uma coisa em sua vida. Isso pode ser uma doença do corpo ou da alma, uma mudança de carreira, a famosa crise da meia-idade, a saída de um emprego que não acrescenta mais nada para você, um divórcio, um trauma revivido, a perda de uma pessoa querida ou mesmo a perda da sua individualidade, da sua liberdade. 

Mas, a Mulher Selvagem diz: “Vamos sair juntas! Agora, olhe para trás. Veja tudo o que ficou para trás, tudo o que você perdeu no caminho, tudo o que precisava morrer para renascer e transformar. Olhe também para tudo o que você aprendeu e superou, as pedras, os obstáculos e desafios que venceu, os avanços e as descobertas que realizou sobre si, as inúmeras partes de si mesma que não conhecia, que reconheceu, resgatou e integrou. 

Quando dessa parte obscura sairmos juntas, você não será mais a mesma. E dentro dela deixaremos muitas sementes para germinarem nesta terra fértil que co-criamos, antes uma terra seca e árida de amor – um amor e uma liberdade de ser que suas ancestrais não tiveram, mas que você tem agora, e as futuras gerações também terão. Estamos deixando um legado.”

Assim, preencha essa terra com as sementes dos seus anseios mais profundos, com seus projetos de alma que dão sentido para você e sua vida, com seu desejo nato de apoio na jornada de outras mulheres que passam pelo mesmo e com a sua humildade em receber e pedir apoio quando precisar. Preencha-o com o amor profundo por si mesma nutrido pelo coração; com a gratidão pelos que auxiliam e auxiliaram você na jornada de volta para si com fé renovada, no reencontro com este seu novo Eu – já renascendo. 

A Mulher Selvagem nos convida a nos resgatarmos e sermos fiéis a nós mesmas, a não nos renegarmos em nossos sentimentos, desígnios e necessidades reais. Portanto, pergunte-se: “onde e de que forma não estou sendo fiel a mim, aos meus sentimentos? O que não vai bem que parece estar “desencaixado” de quem eu sou? O que não está bem em minha vida, capaz de drenar minhas forças e energias? O que eu faço com as minhas sombras, com tudo o que me ensinaram que deveria reprimir ou negar?

Ali está uma ferida, uma cicatriz, uma máscara, algo não resolvido. Volte lá, tenha coragem, reconheça e resolva! Procure um grupo de mulheres e peça ajuda se preciso for. Seja fiel à si e não se preocupe com o que os outros vão dizer. Seja você! Não adie mais o que faz bem para você. Busque a sua totalidade!”

Mensagem de Yehuá© e Uma Guardiã da Vida na Noite da Alma

Por Luciane Strähuber – Consultora, Educadora e Terapeuta Integrativa (Todos os Direitos Reservados. Permissão para compartilhar respeitando os créditos da autora).

Sugestão de Leitura: 1. Mulheres que correm com os lobos – Clarissa Pínkola | 2. A Jornada da Heroína – Maureen Murdock | 3. Mulheres que amam demais – Robin Norwood

Palavras de Clarissa Pínkola – Uma carta de bênçãos em período de pandemia: “Não Desanime, Fomos Feitos para Esse Tempo”

“(…) Por muitas décadas, em todo o mundo, almas como as nossas foram abatidas e deixadas para morrer de muitas maneiras, repetidas vezes. Abatidas por ingenuidade, pela falta de amor, pela percepção tardia de alguma coisa mortal, por não perceber com rapidez suficiente e serem emboscadas e atingidas por vários choques culturais e pessoais radicais. Todos nós temos uma herança e uma história de destruição e, embora não nos lembremos disso especificamente, por necessidade aperfeiçoamos o talento da ressurreição. (…) Eis aqui: você ainda está de pé? A resposta é sim (e aqui não cabe nenhum advérbio que reduza a sua afirmação. Se você ainda estiver de pé, com bandeiras pouco ou muito esfarrapadas, você conseguiu. Você passou na prova. E conseguiu superá-la. Você está apto a navegar.”

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