
Muitos de nós chegamos ao final de 2019 com uma sensação de exaustão, de cansaço generalizado. Uma parte desse cansaço pode estar ligado aos nossos próprios processos de alinhamento e transformação interior, às nossas mortes e renascimentos, ao resgate das nossas partes saudáveis e à confrontação e liberação das partes que não nos servem mais. A impressão para muitos de nós é que passamos o ano participando de maratonas de triatlo, isso porque muitos tivemos mudanças que abalaram estruturas e nos exigiram sair da zona de conforto.
Além das mudanças nada agradáveis que presenciamos na política mundial – fatos que também geram descrença e desesperança por tentarem desviar o nosso olhar do que importa, de quem somos e do nosso propósito; além dos problemas de isolamento social e de saúde gerados pelas novas tecnologias em mobiles – um dos motivos comprovados de desgaste energético, mental e físico – a outra parte desse cansaço, numa visão mais macro, está ligada ao que ocorre no planeta e aos alinhamentos planetários, afinal não estamos dissociados do Todo.
Portanto, para compreendermos como certos ciclos maiores podem influenciar ciclos menores em nossas vidas, trago o conhecimento da astrologia: uma ferramenta de autoconhecimento que quando bem usada, considerando o mapa natal pessoal, pode nos trazer uma visão mais ampla e nos preparar às transformações que virão, levando em consideração que tudo é fluídico, impermanente e está em constante evolução, assim como nós.

O ano de 2020, além de ser o início de uma nova década, será também um grande marco. Conforme os estudos da astrologia mundial, ele trará consigo profundas transformações, tanto a nível coletivo quanto a nível individual, contribuindo decididamente para o nosso avanço pessoal, moral e espiritual.
As regências para o próximo ano serão determinadas pelo nosso astro rei: o Sol, trazendo mais clareza, iluminação, força de vontade, alegria e busca pelo propósito existencial. O Sol ilumina a nossa personalidade, acentuando qualidades e defeitos, o que torna o período excelente para se arriscar em oportunidades, uma vez que sua energia também nos ajuda a ter mais discernimento para abrir caminhos.
O período reunirá trânsitos astrológicos bastante raros, como a grande conjunção de março que ocorrerá no signo de Capricórnio, além de uma série de eclipses que ocorrerão ao longo do ano. Júpiter, Saturno e Plutão estarão em Capricórnio para todos nós, o que nos pedirá os pés bem firmes e enraizados no chão, incitando a objetividade e a razão nas decisões, a necessidade forte de buscarmos a estabilidade da terra, seja mudando de casa, de carreira, seja abraçando uma mudança interior maior ou mesmo concretizando o propósito divino na matéria.
Isso pode ser particularmente importante, segundo alguns astrólogos, para aquela mudança que estamos aguardando fazer há muito tempo, positivo para quem:
- Pretende montar uma empresa ou começar um novo negócio;
- Precisa substituir pai, mãe ou tios em empresa familiar;
- Planeja casamento, filhos;
- Estiver terminando a universidade e deseja ingressar no mercado de trabalho, não importa qual for o caminho escolhido;
- Tiver determinado que 2020 será o ano para sair da casa dos pais ou mudar de residência.
- Estiver questionando a carreira, podendo preparar-se para uma virada maior, onde a objetividade se tornará crescente em todos os segmentos.
Uma conjunção entre os planetas Júpiter e Saturno também ocorrerá no dia 21 de dezembro de 2020, em Aquário – data que por si só já é considerada um portal de energia pela entrada do Solstício de Verão no Hemisfério Sul, e do Solstício de Inverno no Hemisfério Norte – marcando um grande evento astrológico que só se repete à cada 20 anos, mais ou menos, significando o fim de um ciclo e o início de um novo.

Sol: O Regente do Ano
Na astrologia, o Sol é o astro símbolo da vitalidade, do ego e da identidade, sendo o agente centralizador que arrasta consigo todos os outros astros. Em 2020, ele proverá a energia necessária para que realizemos mudanças importantes em nossas vidas e alcancemos nossas metas pessoais, dando-nos a força, determinação, autoconfiança e entusiasmo necessários à nossa ação como indivíduos. Este também foi o astro regente do ano de 2016, portanto algumas similaridades entre esses anos são esperadas.
Contaremos com maior lucidez e clareza em nossas decisões. Poucas coisas tendem a permanecerem ocultas em um ano que tem o sol como regente, portanto muito poderá ser exposto. E como nossas ações também estarão em maior evidência, recomenda-se portanto que sejam sempre corretas e justas, com um cuidado maior para atitudes egoístas. Será importante uma boa dose de autocrítica para evitar os excessos característicos do Sol na astrologia: egocentrismo, orgulho e autoritarismo.
Através dessa energia impetuosa do Sol, haverá uma inspiração à criatividade, às conquistas e às realizações, mas também o direcionamento da luz sobre aquilo que precisa ser mudado ou revelado – aquilo que ainda estiver obscuro ou desconhecido, precisando vir à superfície.

Plutão em Capricórnio (2008 a 2023): O Arauto das Mudanças
Plutão em trânsito por onde passa implica em grandes mudanças, transformações, crises, reformulação de conceitos, padrões. Capricórnio é um signo ligado à terra, ao trabalho e as estruturas sociais, à ordem estabelecida, à autoridade, à tradição. Sua passagem por este signo tende a trazer lutas de poder com consequências de mudanças estruturais profundas e definitivas em nossa sociedade.
Em 2008, Plutão, o arquétipo do submundo, das grandes transformações e do renascimento entrava no signo de Capricórnio, dando início a uma série de mudanças que chegam ao seu ápice quando os planetas Júpiter, Saturno e Marte se unirem a ele, um a um, em uma grande conjunção que acontecerá até março de 2020, um evento astrológico raro que promete alterar as estruturas do mundo como o conhecemos.
Plutão é um planeta catalisador de mudanças, que geralmente se expressam a partir de crises relacionadas com os temas pertinentes ao signo que atravessa. Quando Plutão entrou em Capricórnio, atingiu em cheio as estruturas de poder, os governos mundiais, os recursos financeiros e até as relações de trabalho.
Trouxe à tona diversas crises políticas, guerras, aumento do terrorismo, retração econômica, convulsões sociais, migrações, autoritarismo político, inflexibilidade e repressão, coisas que sempre inspiram revisões de modelos.
O período também tem alguns marcos importantes, como a crise econômica de 2008, a primavera árabe (que levou a baixo verdadeiras dinastias), a crise migratória, a ascensão e queda do Estado Islâmico, o retorno da extrema direita ao parlamento europeu (e o Brexit, por exemplo), assim como governos mais alinhados à direita no Brasil e em outros locais.

A União de Saturno e Plutão
No final de 2017, o segundo planeta a formar essa grande conjunção, Saturno, também ingressou em Capricórnio, o seu signo de domicílio, fortificando a ideia de regularização e ordem.
Saturno é o velho sábio, um tipo de professor (ou disciplinador, um pai severo) e tem a ver com limites, barreiras, medos e fronteiras. Já Plutão lida com o que está oculto, invisível, com tabus, mexendo com tudo o que precisa surgir para que possa ser tratado adequadamente e gerando novos paradigmas. Destrói e remove o que ficou estagnado e não serve mais a um propósito válido.
Em janeiro de 2020, parte da grande conjunção portanto já estará formada com a união de Plutão e Saturno no 22º grau de Capricórnio. Esta é uma combinação que pode gerar uma maior sensação de restrições e limites, embora também possa quebrar esses mesmos conceitos. Tudo depende do restante da configuração celeste e das circunstâncias e paradigmas das épocas em que tais conjunções acontecem.
Tudo isso pode criar um clima de tensão, como se uma aura energética maior estivesse se formando para que algo totalmente renovado surja. Os limites impostos por Saturno poderão se combinar com intensas disputas de poder sugeridas por Plutão, cujas consequências devem ultrapassar vários meses ao encontro desses planetas quando estiverem em grau exato.
Ambos são arquétipos de finalizações, transformações, morte e ressurreição em diversos níveis. Pode-se dizer que esta é uma união de gigantes que causa uma desconfiança em relação à autoridades e governos, mas também um certo medo de assumir o controle das coisas, trazendo à tona temas como sobrevivência e insegurança às pautas de diversos grupos. Ou seja: governo? mudanças? responsabilidades? Deus me livre! mas quem me dera…
Na verdade, há algum tempo já estamos sentindo a influência dessa poderosa conjunção. Se pararmos para refletir, há um incômodo crescente e pequenos pontos de tensão e turbulência espalhados pelo globo, com diversos grupos atentos a temas considerados tabus e com pessoas que são (ou foram) consideradas oprimidas, marginalizadas ou injustiçadas ao longo do tempo por diversos fatores como raça, crença ou orientação sexual.
É como se houvesse algo nos impulsionando a termos um olhar mais atento, uma identificação mais empática com todo tipo de sofrimento ou injustiça, atrelado a um desejo de que tais coisas não aconteçam novamente e sejam transformadas para melhor.
A palavra “desconstrução”, muito utilizada nos dias atuais pode ser considerada um termo cunhado sob a tutela dessa parceria entre Saturno e Plutão, sendo um ótimo exemplo de como essa união de planetas pode abalar ou inverter estruturas e conceitos que antes pareciam normais e, de repente, sofrem um “choque de ordem”.
Entre 2019 e 2020, os períodos onde os efeitos da conjunção entre Saturno e Plutão podem ser mais sentidos são entre Dezembro de 2019 e Fevereiro de 2020, e entre Setembro e Outubro de 2020.

A Chegada de Júpiter
Júpiter, o planeta do crescimento, que expande o que toca, será o terceiro a adentrar nessa grande conjunção, junto com Ceres, um asteróide localizado entre Marte e Júpiter e que na astrologia está ligado à natureza e à fertilidade. A palavra cereal, por exemplo, deriva de Ceres, comemorando a associação da deusa com grãos comestíveis.
Com isso, em março de 2020 forma-se um stellium: a união de vários planetas no mesmo local. Júpiter terá o potencial de amplificar os efeitos dessa grande conjunção, tanto em seu aspecto benéfico como no aspecto desafiador, pois tem condições de aumentar qualquer coisa.
Finalmente, Marte se unirá aos outros três planetas, desencadeando a grande conjunção de 2020 com uma faísca de ignição, acendendo todo o potencial que o encontro propõe para os meses à frente.

O Que Podemos Esperar?
Sob tal configuração, somos sempre convidados a testemunhar o quão frágil são certos conceitos, paradigmas e estruturas que parecem certas e intransponíveis. Mesmo que este movimento de alguma forma evidencie alguns colapsos, também ajuda a consolidar uma reconstrução concreta e bem direcionada a partir do que foi colapsado.
Ou seja, apesar do cenário aparentemente tenso, o que provavelmente assistiremos é uma mudança de paradigma na forma de como nos relacionamos com o poder, seja ele político, socioeconômico ou religioso e a fundação de um modelo social diferente, possivelmente mais justo, organizado, mais humano e embasado na realidade, sem ilusões.
Não podemos esquecer também que Urano está em Touro, outro signo de terra, dando suporte a toda essa mudança. O elemento terra definitivamente está em evidência neste início de década e assim ficará por mais algum tempo.
A grande conjunção de 2020, ao revelar de uma forma mais direta os alicerces desgastados sobre os quais repousa nosso atual status quo, poderá conduzir o estabelecimento de uma nova era, cujo início deverá coincidir com o ingresso de Plutão em Aquário no ano de 2023.

Preparando-se para as Transformações
O ano de 2020 será repleto de transformações de ordem coletiva, mas a resposta também se dará em bases individuais. Talvez o caminho para sua resolução seja, afinal, uma mudança que parta de cada um de nós.
Para entender melhor como essas transformações irão afetar você como indivíduo, é importante observar a área do seu mapa astral afetada por elas. Em qual casa encontra-se o signo de Capricórnio em seu mapa? Algo será revisto, reestruturado e transformado nesse setor da sua vida.
O momento pede que nossas ações sejam executadas com integridade, responsabilidade e não menos importante, bastante realismo e embasamento. Mas, pede também que possamos nos deixar transformar, permitindo que a luz penetre nos cantos escuros de nossa alma para que possamos nos reconectar com a natureza e com a nossa consciência divina, deixando ir o que já não nos serve mais.
É importante também entender e assumir que o nosso corpo é o templo do nosso espírito e que devemos cuidar bem dele. Excessos em comportamentos desgastantes e tóxicos como fumar, consumir bebidas alcóolicas em demasia, negligenciar o sono ou quaisquer outros abusos em relação à nossa saúde devem ser corrigidos ou poderão atrair revezes desnecessários de forma mais rápida, que terão a missão de forçar esse entendimento à duras penas.
Lembre-se também de que Saturno e Plutão ficarão retrógrados antes do grande encontro, diminuindo sua intensidade a fim de nos dar a chance de refletir sobre nossas ações e sobre tudo o que está acontecendo para que possamos nos adiantar aos desafios futuros.

Compreendendo o Ciclo de Saturno
De 2017 em diante, SATURNO ocupa o trono, comandando os 36 anos seguintes do ciclo, até o ano de 2052. Todos os finais de ciclo são importantes e são sempre acompanhados de renúncias. Como vimos, nos 36 anos do ciclo anterior, o individualismo aumentou exponencialmente. A palavra “EU” e frases “meus direitos”, “minhas escolhas”, “minhas regras”, “meus desejos”, “meu corpo” ganharam bastante ênfase. O indivíduo foi o centro das atenções. Já perto do final do ciclo, as selfies marcaram seu lugar histórico e simbólico do egocentrismo que foi evocado.
A partir de 2017, a tendência foi que se começasse a pontuar diversos limites. Um movimento basicamente oposto às características simbólicas do Sol na astrologia tendeu a crescer, galgando seu caminho a uma gradativa e forte dissolução do ego e uma forte guinada à direita.
Saturno tem simbologias peculiares. É conhecido como como “Cronos”, “O Senhor do Tempo”, “O Planeta do Karma”, “O Cobrador”, “O Velho Sábio”, “O Grande Maléfico”, “O Eremita”, entre outros. Evoca palavras-chave como restrição, obstáculos, imposição de limites, regras, amadurecimento, colheita, construção, disciplina, aceitação de deveres, sabedoria, respeito, experiência, paciência, rigidez, rigor, severidade, justiça, frieza, dogmatismo…No seu melhor, ajuda a consolidar esforços e no seu pior restringe-os. É o oposto de Júpiter, que significa primariamente, expansão.
A tendência é que o mundo se torne mais sério e mais austero. Pode começar a pairar no ar um espírito limitador, restritivo e controlador perante liberdades dadas sem que se tenha feito concomitantemente o uso da responsabilidade. As questões pessoais tendem a perder a importância e a realidade nua e crua tende a se apresentar. Ajustar as contas, cair na real, reparar os danos, receber o karma e aparar as arestas poderão ser temas bastante recorrentes.
De fato, pode ser um período de muito mais responsabilidades e ajustes, dentre outros atributos relacionados a Saturno. A obrigação de ser feliz a qualquer custo, de ser “o tal”, o “top dos tops”, pode entrar em uma corrente descendente, dando lugar a uma postura mais séria, de maior competência e de menor culto ao ego. Sob a regência de Saturno, para se ter algum destaque, há de se merecer.

O “vale tudo” tende a dar lugar a posturas mais maduras e responsáveis em seus feitos. Provavelmente será um ciclo de mais contenção e menos abundância. Menos superficialidade e mais profundidade. Em detrimento do ciclo anterior, onde a frase “posso tudo o que quero” estava em alta, duas frases que parecem ser mais condizentes com um ciclo saturnino são: “com grandes poderes vem grandes responsabilidades” e “a colheita é boa quando o plantio é bom”.
Talvez durante este ciclo nos deparemos com uma mudança geral nas estruturas vigentes, forçada pelos nossos próprios atrasos ou pelos desvios que tomamos ao longo do tempo. Saturno gosta de ajustes e não tolera irresponsabilidade. Talvez estas mudanças sejam mais sentidas no que tange as leis, política e religião, pois Saturno estará em Sagitário neste início de ciclo e permanecerá durante mais algum tempo até entrar denifitavemente em sua regência, Capricórnio, em dezembro de 2017.
As pessoas provavelmente terão de ser mais maduras e mais responsáveis por seu próprio amadurecimento material e espiritual. Pode pairar no ar um clima de maior seriedade e menos folia. Algumas religiões que pregam um Deus que dá apenas a pessoas que creem nele, possivelmente terão de adaptar sua proposta para mostrar um Deus que dá conforme o empenho pessoal.
Tendo em mente as influências de ambos os astros, o Regente do Ciclo e Regente do Ano, as respostas que busca cabem ao seu poder de observação pessoal mediante seu conhecimento astrológico. É importante que cada pessoa consiga trabalhar o seu conhecimento (e autoconhecimento) para digerir tais informações da melhor maneira possível em sua vida pessoal e social, levando em consideração o próprio mapa natal.
Luciane Strähuber – Educadora da Terapêutica Integrada
Fonte complementar dos dados astrológicos: Astrolink | Astrodestino