
“O Mal não dura para sempre, nem mesmo o Bem: o caminho da impermanência.
O Mal pode atrapalhar o Bem, mas o Bem não cura o Mal: o caminho da equivalência.
O Mal não deseja ser curado, por isso o Bem não tem poder sobre o Mal. O Bem não necessita de cura, ele simplesmente é. Por isso, o Mal também não tem poder sobre o Bem: o caminho da neutralidade.
Em certo momento da jornada, à semelhança dos bambus que envergam ante a tempestade e não quebram, o Mal é obrigado a ceder e retirar-se perante à envergadura respeitosa e humilde do Bem: o sábio que se faz de tolo perante aquele que se considera sábio.
Mesmo que existam investidas constantes do Mal sobre o Bem, o Bem precisa permanecer firme como o bambu, na neutralidade de sua existência, no crescimento constante para o alto e no enraizamento cada vez mais profundo na terra, sem combater.
A sabedoria do não combate é a disciplina da diplomacia que leva ao caminho do meio: a paz interior advinda do eterno retorno ao centro de si.
Assim como na natureza, após as tempestades tudo volta ao seu eixo original. Podem haver destroços no caminho, mas o eixo, o caminho do meio, o centro está sempre lá, assim como o Bem e o Mal dentro de cada um.
Para uns, fazer o mal é fazer o bem: o bem apenas para si, resultado do egoísmo e do significado distorcido do amor próprio.
Para outros, fazer o bem está além de apenas o Bem que é feito para si. O verdadeiro bem, praticado sem distinções e projeções, é aquele que envolve o benefício de todos, mesmo em meio às diferenças e seus maiores desafios. Este Bem está intimamente ligado ao verdadeiro amor.
Fazer o bem é trilhar o caminho do meio, a sabedoria da neutralidade; é desenvolver a diplomacia estratégica em meio aos jogos manipulatórios do mal;
É entregar-se para receber a verdade em conta-gotas, revelada pelo tempo e pela alma; é estar nem muito acima, nem muito abaixo, mas no seu devido lugar: aquele onde você se sente confortável, onde nada nem ninguém é capaz de atingir o seu centro.
Portanto, não busque pela paz, busque pelo seu centro. Buscar pela paz pode trazer a frustração e o despreparo para lidar com tempos de guerra.
Buscar pelo seu centro é encontrar esta paz, onde nada tem o poder de interferir, tampouco transformar a paz em guerra.
É no seu centro que reside o maior Bem que você pode encontrar, o maior Bem que você pode fazer por si e possibilitar para outros.
O Mal só tem poder sobre o Bem ao dissuadi-lo a sair do seu centro e buscar a paz fora de si. O Bem tem poder sobre o Mal ao dissuadi-lo a sair do seu trono e recomeçar a jornada de busca pelo Bem que habita em si.
Nessa dança do Bem e do Mal, nos deparamos com a infinita espiral da vida e da evolução, buscamos reconhecer quem somos, dançamos com nossas luzes e nossas sombras até que encontremos o nosso centro.
Aprendemos que o Bem e o Mal são faces diferentes de uma mesma moeda, separados por uma tênue linha limítrofe. Aprendemos que o Mal não precisa ser combatido, mas neutralizado. Se combatido, ganha os holofotes e o poder que deseja. E aprendemos que o Bem não precisa estar numa busca constante pela cura e pela paz, mas pelo seu centro.
Ao conhecer a neutralidade do caminho do meio, aprendemos a dançar entre o Bem e o Mal com respeito e sabedoria porque conhecemos o nosso centro. Dançamos, enfim, a dança da vida através do portal do coração: o alquimista capaz de equilibrar e forjar o Bem e o Mal numa mesma moeda.”
Por Luciane Strähuber – Mensagem de ©Yehuá & Uma Guardiã da Vida