
Em meio à polêmica que estamos presenciando a respeito da regulamentação ou não dos exercícios profissionais vinculados às terapias integrativas, alternativas ou complementares, vamos focar nosso olhar nas ações que primam pela integração ao invés da exclusão?
Compartilho uma notícia publicada este ano pela Universidade Federal do Paraná, mais uma entre várias ações que universidades e faculdades da área da saúde no Brasil estão tendo: uma visão mais global e integrada que culmina na realização de um trabalho mais humanizado por parte dos profissionais da saúde.
Àqueles que já atuam dentro das áreas que compõem as terapias integrativas e desejam aprimorar-se, caminhos oferecidos dentro das universidades nacionais podem ser uma oportunidade de legitimar a profissão, alternativas que possibilitem a legalidade da ocupação através de formações superiores de ensino relacionados à área da saúde, devidamente regulamentadas pelos Conselhos de cada faculdade em questão.
Já existem no mercado diversas instituições de ensino oferecendo formação superior e pós-graduação em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, além de faculdades disponibilizando formações direcionadas enquanto cursos de extensão e/ou especialização a profissionais da área em vários Estados do Brasil: Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Brasília, Pernambuco, Bahia, entre outros.
Além da necessidade de experiência que somente a prática da atividade pode oferecer, é primordial que estejamos buscando sempre o aprimoramento e a atualização do conhecimento por meio de formações que estejam regulamentadas pelo MEC, para assim estarmos respaldados, seja como terapeutas e profissionais de saúde alternativos, seja como educadores das práticas dentro ou fora do SUS.

DISCIPLINA INTERDISCIPLINAR E INTERPROFISSIONAL
As Práticas Integrativas conferem um tipo de cuidado em saúde que permite tratar o indivíduo de forma integral e mais humanizada. Os tratamentos utilizam recursos terapêuticos baseados em conhecimentos tradicionais que, além da prevenção de doenças e desequilíbrios, também são voltados à promoção da saúde e ao bem estar.
O SUS passou a incorporar várias Práticas Integrativas na atenção básica a partir da Política Nacional em Práticas Integrativas (PNPICs). São 29 práticas que estão presentes em 9.350 estabelecimentos de 3.173 municípios; somando no ano de 2017, 1,4 milhão de atendimentos com essas abordagens, conduzidas por diferentes profissionais de saúde.
A Universidade Federal do Paraná oferece, pela primeira vez, a disciplina optativa de Práticas Integrativas em Saúde de maneira interdisciplinar. Idealizada pela professora Milene Zanoni, em parceria com estudantes do projeto de extensão Liga Acadêmica de Práticas Integrativas em Saúde (LAPIS), a disciplina é ofertada em 10 cursos de graduação – Medicina, Nutrição, Odontologia, Enfermagem, Terapia Ocupacional, Medicina Veterinária, Educação Física, Biologia, Fisioterapia e Psicologia.

A criação da disciplina surge no contexto do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/Interprofissionalidade – 2018/2019). Este programa também atua em parceria com outras universidades e tem como objetivo desenvolver ações envolvendo diferentes setores do SUS e da comunidade acadêmica.
Com foco na interprofissionalidade, interdisciplinaridade, intersetorialidade e integração ensino-serviço – o que significa integrar um conteúdo com várias profissões, disciplinas e setores – a proposta fortalece o conceito de humanização do cuidado e o princípio da integralidade da assistência à saúde no contexto das redes colaborativas do SUS.
Pautada na educação interprofissional e trabalho colaborativo, a disciplina possui metodologia ensino-aprendizagem ativa, permitindo que estudantes de diferentes formações em saúde aprendam juntos, com o propósito de melhorar a colaboração interprofissional e o bem-estar dos setores envolvidos.
Que essa ação se espalhe e seja um passo firme na interconexão do conhecimento, das experiências profissionais e na promoção da integralidade do Ser!
Luciane Strähuber – Educadora da Terapêutica Integrada
Fonte original da notícia: https://www.ufpr.br/portalufpr/noticias/com-metodologia-ativa-disciplina-inedita-aborda-praticas-integrativas-em-saude/