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Ovos de Páscoa: O Verdadeiro Legado das Tradições Ancestrais

Com esse artigo, venho honrar o legado deixado por nossos ancestrais e relembrar a sacralidade das tradições do ovo de páscoa ao longo da história, incentivando uma infância mais livre da necessidade de consumo de chocolate com preços abusivos nessa época.

Ao trazermos a memória dessas tradições à luz, também lembramos da importância de colocarmos nossas intenções de renovação, recomeço e renascimento para um novo ciclo, permitindo nos transformar e nos desprender do que não nos serve mais – colorir e pintar um ovo colocando nossas intenções tem o mesmo poder de um objeto imantado: é arte, é magia, é vida!

O ovo é considerado uma das mais perfeitas formas naturais. Em diferentes culturas simboliza o começo de tudo, o início do universo. Os sacerdotes Druidas escolheram o ovo como símbolo de suas crenças. Outra corrente acredita que o ovo é símbolo pascal inspirado no costume chinês de colorir ovos de pata, para celebrar a vida que dele se origina.

Ovos também eram cozidos e comidos durante os festivais do antigo Egito, Pérsia, Grécia e Roma, além de serem presenteados em homenagem à chegada da florida primavera, depois de um inverno branco no hemisfério norte. Estas culturas tinham o ovo como emblema do universo, a palavra da suprema divindade, o princípio da vida.

Lembrando dos antigos povos pagãos europeus, que nesta época do ano homenageavam Ostara ou Eostre – Deusa da Primavera – que segura ovos em suas mãos e observa um coelho, símbolo de fertilidade. A deusa em si e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Os ovos eram pintados com símbolos mágicos ou de ouro por representarem essa fertilidade, sendo enterrados ou lançados ao fogo como oferta aos deuses. Eram a representação do ovo cósmico da vida, a fertilidade da Mãe Terra.

Muitas são as tradições e crenças, com variações dependendo da cultura. Crianças tchecas, por exemplo, acreditam que uma cotovia as traga presentes na Páscoa; as suíças e as alemãs contam com o galo ou a cegonha. Já no Brasil, a tradição do coelho e dos ovos de páscoa data do início do século XX, trazida pelos imigrantes suíços e alemães. Algumas tradições ainda tem o costume de colocarem dentro dos ovos pintados amendoins e sementes caramelizadas – presente que recebi muitas vezes na infância e que fazia parte das celebrações de meus ancestrais alemães.

O ovo de Páscoa é um emaranhado de combinações de tradições cristãs, judaicas e pagãs. Os ovos pintados e coloridos eram distribuídos entre as pessoas em alguns povos do hemisfério norte para comemorar a passagem do inverno para a primavera. Esse costume antigo encontrou-se com o rito de morte e ressurreição de Jesus Cristo que, por sua vez, aconteceu na Páscoa Judaica (Pessach), outra comemoração com o mesmo sentido de passagem e libertação para um novo ciclo.

Artista Sorábia (Povo Eslavo) pintando ovos

Os ovos passaram a ser feitos de madeira, argila ou com ouro. Até que, com a revolução industrial e o surgimento de uma boa oportunidade de negócios, a indústria do chocolate passou a fabricar ovos. Cada vez mais atraentes, decorados com papéis multicoloridos e recheados com surpresas tentadoras.

Longe dos princípios tradicionais da Páscoa, o chocolate atende a demanda das indústrias, mas não tem ligação direta com os significados milenares das tradições pascais. A comunicação publicitária então investiu na fantasia da fábrica misteriosa do coelhinho, assim como a fábrica misteriosa do bom velhinho, para gerar impulsos de consumo, em especial nas crianças. Hoje, já existem ovos de Páscoa que, vazios de nutrientes, são vendidos cheios de brinquedos, numa incoerente cultura para o significado real dessa época.

Mas, não se desespere, não é preciso acabar com as fantasias infantis, o delicioso sabor do chocolate ou as tradições de doar e receber para celebrar uma Páscoa sem consumismo. Estas são algumas alternativas para fazer uma Páscoa cheia de sentido e respeito, um verdadeiro rito de passagem:

– Faça com as crianças receitas caseiras de chocolate, biscoitos ou bolos, e distribua para seus amigos e familiares;

– Pinte ovos de galinha invocando as tradições originais e ancestrais;

– Use a história da Galinha Ruiva para ilustrar o plantio, colheita e moenda do trigo, e finalize assando um belo pão para compartilhar com a família, como fez Jesus Cristo;

– Prefira comprar ovos de chocolate – caso não consiga resistir à tentação – de produtores locais, doceiras e artesãos. Assim, o dinheiro circula e chega às mãos das pessoas reais, de carne e osso, não apenas aos cofres das grandes corporações.

TINGIMENTO NATURAL

Existem receitas diferentes na internet para o método de pintura. Uma delas sugere que a base da receita de tintura natural seja feita com: 1 colher de sopa de sal + 1 colher de sopa de vinagre + 3 xícaras de água. Misture os ingredientes e acrescente aquele que vai promover a coloração.

Para tingir os ovos é importante que o recipiente com a tintura possibilite a imersão do ovo. Ele precisa ser cozido anteriormente, para não trincar a casca; coloque um pano no fundo da panela e adicione um pouco de vinagre na água.

O tingimento trata-se de uma experiência prazerosa. A cada ovo você obterá um novo resultado. Testando a quantidade do ingrediente utilizado como corante e o tempo de imersão na tintura, você vai percebendo o tom desejado.

Além das tinturas sugeridas na imagem, você também pode optar por aquelas derivadas de ervas e outras plantas para dar uma tonalidade mais forte, incluindo especiarias. Incluem-se: marcela, cúrcuma, mostarda em pó, canela em pó, urucum, espinafre, couve, salsa.

Que possamos, então, relembrar dos costumes, tradições e sabedorias ancestrais não para que fiquemos presos a eles, mas para que através deles saibamos reconhecer também nossas mortes e renascimentos, nossos ciclos de vida-morte-vida, assim como nos antigos ritos de passagem. Namaste!

Fonte complementar: Wikipedia, fontes históricas e informações do perfil “Infância Livre de Consumismo”.

Por Luciane Strähuber – Educadora da Terapêutica Integrada

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