
“Se a parada é obrigatória, aproveite a estadia: aprofunde-se, destralhe-se, aprimore-se!
No lugar das mágoas e ressentimentos, dê espaço para aprofundar-se em si, soltar e perdoar, purificar e harmonizar.
No lugar da dúvida, do medo e da desconfiança, dê espaço para seus objetivos e futuras conquistas, ressoando com os anseios da alma.
No lugar das preocupações e angústias, dê espaço para os novos projetos, acorde os sonhos guardados e adormecidos. Abra as gavetas das emoções abafadas e reprimidas, limpe o seu armário interior.
No lugar daquilo que você não quer mais, dê espaço para tudo o que você quer: faça uma lista e entregue ao universo, à Mãe Terra, ao Grande Espírito da Criação e da Vida. Aguarde, medite, eleve e abençoe com amor, compaixão e gratidão! Agradeça tudo o que você recebe todos os dias e o que você ainda virá a receber.
O que é seu por merecimento e direito divino já está reservado, guardado, mas só virá até você na hora exata: no tempo da alma, através dos passos dados com humildade, coragem, fé e perseverança, em sintonia aos desígnios divinos registrados no portal do seu coração.
O portal do coração, este espaço multidimensional e atemporal que nos centra, nos harmoniza, nos cura e nos sustenta está disponível a qualquer hora, em qualquer momento, esperando a nossa intenção clara de reconectar com a fonte e a frequência original do nosso ser – e cada um de nós possui uma frequência única.
No lugar da raiva, da ira e das emoções remoídas, dê espaço para o perdão: a compreensão para perdoar, a piedade para com os que nos fazem mal, e se coloque no lugar do outro para liberar, soltar e curar. Por trás de uma armadura de raiva e ira, na maioria das vezes há um tipo de medo enraizado no abandono, na rejeição, na solidão.
No lugar dos conflitos e das desavenças-diferenças, dê espaço para uma mente mais asséptica, mais limpa das tragédias do mundo e das exigências infindáveis do ego. Abra mão da mente ruminante e tagarela, entregue os pensamentos-lixo e improdutivos para a terra, às raízes. Conecte-se com a consciência das árvores para que os levem, transmutando-os em amor, gratidão e compaixão.
No lugar da nutrição da dor e do sofrimento, do corpo de dor que todos carregamos pelas experiências da vida à fora, dê espaço para a alegria de viver, por estar vivo, por ter suas necessidades atendidas, por ter recursos e pessoas ao seu redor que servem você, que partilham coisas boas, que ajudam você a evoluir e progredir, que amam você e fariam qualquer coisa para vê-lo bem.
No lugar da teimosia e da resistência, dê espaço à flexibilidade e à resiliência ativa, para que o corpo e a saúde não paguem o preço por aquilo que você resiste ou insistiu em adiar e resolver.
No lugar de terceirizar responsabilidades e decisões, dê espaço para o auto-amor, o auto-valor, o autocuidado e a autorresponsabilidade. Abra-se para receber, absorver e nutrir-se da Vida, e evite dar à outrem o seu poder pessoal. Plante sementes férteis na terra do seu poder interior.

Nos caminhos da vida, esteja presente, esteja atento, fortaleça a sua retaguarda, acalme o seu coração, torne a mente sua aliada. Entregue-se ao silêncio interior e autorize-se a percorrer os trilhos da alma.
Não desconfie demais, não confie demais, mas ouça a voz da alma, o chamado da intuição no silêncio do coração. Tome posse do seu cajado da sabedoria e use-o sempre para o Bem: para o seu bem maior e o de todos os envolvidos em seu campo de criação.
Pare tudo se for necessário, quando o corpo pedir, quando o coração cansar, quando o espírito precisar renovar e quando a mente demais tagarelar. Dialogue com o que orbita fora do tempo humano e dentro do tempo da alma.
Paradas obrigatórias vão existir sempre ao longo da jornada. Nem sempre vamos vê-las com um olhar de aceitação imediata, mas como placas no caminho nos apontando algo que devemos aprender, resgatar, apreender, integrar e transformar sobre nós mesmos, desvelando verdades ocultas.
Pular uma placa no caminho que, explicitamente, diz para você parar naquele momento, é como pular lições que são pré-requisitos para as que ainda virão.
Você terá o trabalho dobrado e terá que fazer o caminho de volta, inevitavelmente. Será que vale à pena? Assemelha-se aqui a pegar “recuperação” numa prova. Você há de convir: é uma chatice essa história de trabalho dobrado, às vezes triplicado.
Segundo o I Ching, o Livro das Mutações, um dos mais antigos clássicos de filosofia chinesa, a parada faz parte do caminho. A inatividade é a outra face da ação, o seu complemento. Afastar-se da tensão e acalmar-se é um meio para um fim com sucesso. Só então é possível retomar a ação de forma mais sábia, equilibrada e prudente.
Parar para depois seguir em frente, dar o próximo passo. É semelhante ao movimento de respirar, inspirar para depois expirar, ao silêncio antes do nascer do sol, ao germinar de uma semente.
A parada é o fim e o começo de todo movimento.”
Mensagem de Yehuá© – Por Luciane Strähuber | Consultora e Terapeuta Integrativa