Artigos, Terapias Integrativas

Síndrome de Burnout: Como tratar e prevenir em meio ao isolamento

Enquanto o isolamento social permanece, perfazendo mais de três meses do distanciamento de amigos, familiares, lugares e atividades que gostamos, o importante é estar ainda mais próximo de si, procurando trabalhar diariamente para manter o termômetro do nosso centro de equilíbrio na temperatura da paz interior.

Trago o tema sobre a síndrome de burnout – um estado de fadiga generalizada, detectado pelo psicanalista Herbert Freudenberger nos anos 70, muito comum nos tempos atuais onde não há silêncio interior, “paradas regenerativas” e tudo parece que precisa ser “para ontem”. Talvez, a expressão “mergulhar a cabeça no trabalho” para esquecer outros problemas também faça sentido nesse quadro.

Esta síndrome já é reconhecida como doença pela OMS – Organização Mundial da Saúde, principalmente porque é mais fácil ser “ativada” em momentos de estresse, pré-ocupações, situações de medo, incerteza e desvalorização, quando há excesso de trabalho e o uso compulsivo da tecnologia.

Para auxiliar na compreensão do distúrbio e como podemos identifica-lo antes de resultar em colapso, procurando perceber os sinais do nosso corpo quando as coisas não estão indo bem, seguem dicas importantes para mantermos nosso observador interno ativo e agir de forma a prevenir crises posteriores.

Esse é um momento importante para cuidarmos de nós, para olharmos para tudo o que não está bem resolvido emocionalmente e procurarmos encontrar uma reconciliação interior – falo de você para com você mesmo – buscar um ponto de equilíbrio, um norte, mesmo que não seja possível resolver uma situação atual ou do passado que ainda esteja batendo na sua porta. Pelo menos, você faz a sua parte e gera uma reconciliação interior capaz de manter você no eixo.

A ocupação excessiva e exaustiva com um trabalho, uma pessoa, com família ou outra função que requer grande responsabilidade é, na maioria das vezes, uma justificativa – consciente ou não – para fugir de si, das feridas interiores que insistem em doer no corpo, que nos chamam para serem olhadas e receberem um bálsamo curativo: o nosso auto-amor.

Se é necessário você auxiliar outros que estejam ao seu redor nesse momento desafiador, faça-o sem dúvida, mas certifique-se de também receber apoio, de estar forte internamente em primeiro lugar, nutrindo-se com o que faz você se sentir bem e afastando-se de situações tóxicas ou traumáticas.

Na síndrome de burnout, a tendência é darmos ao outro o oxigênio que seria para nós, e assim caímos em esgotamento. Presenciei isso ocorrendo com muitas pessoas, em especial da área da saúde (médicos, enfermeiros, psicólogos), com educadores e professores, com policiais e advogados criminais, com mães e pais sobrecarregados com seus filhos ou filhos sobrecarregados com seus pais e familiares, com cuidadores de pessoas idosas. O fato é que autoconhecimento – para conhecer a si e seus limites – autocuidado e auto-amor são alicerces para o equilíbrio interior. Sem eles, não temos como estar disponíveis para nós, muito menos para auxiliar outros.

O QUE É SÍNDROME DE BURNOUT

A Síndrome de Burnout é um estado físico, emocional e mental de exaustão extrema, resultado do acúmulo excessivo em situações de trabalho que são emocionalmente exigentes e/ou estressantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade, especialmente nas áreas de educação e da saúde. Importante mencionar que a situação de trabalho estressante geralmente é a “máscara”, cuja verdadeira face é uma situação emocional não resolvida ou de fundo traumático.

A principal causa da doença, conhecida também como “Síndrome do Esgotamento”, é justamente o excesso de trabalho. Esta síndrome é comum em profissionais que atuam diariamente sob pressão e com responsabilidades constantes, como é o caso de médicos, enfermeiros, professores, policiais, jornalistas, dentre outros. Traduzindo do inglês, “burn” significa queima, e “out” exterior. 

Ela também pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidades suficientes para os cumprir ou quando as exigências estão além do que a pessoa pode contribuir. Essa síndrome pode resultar em estado de depressão profunda e por isso é essencial procurar apoio profissional no surgimento dos primeiros sintomas.

SINAIS E SINTOMAS

A Síndrome de Burnout envolve nervosismo, sofrimentos psicológicos e problemas físicos como dor de barriga, cansaço excessivo e tonturas. O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar o seu início.

Sintomas que podem indicar a Síndrome de Burnout são: Cansaço excessivo, físico e mental |Dor de cabeça frequente | Alterações no apetite | Insônia | Dificuldades de concentração | Sentimentos de fracasso e insegurança| Negatividade constante | Sentimentos de derrota e desesperança | Sentimentos de incompetência | Alterações repentinas de humor | Isolamento | Fadiga | Pressão alta | Dores musculares | Problemas gastrointestinais | Alteração nos batimentos cardíacos.

IMPORTANTE:  Normalmente esses sintomas surgem de forma leve e silenciosa, mas tendem a piorar com o passar dos dias e do tempo. Por essa razão, muitas pessoas acham que pode ser algo passageiro. Para evitar problemas mais sérios e complicações, é fundamental buscar apoio profissional quando os sinais passam a se repetir. Pode ser passageiro, como pode ser o início da Síndrome.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é realizado por profissional especialista após análise clínica do paciente. No entanto, muitas pessoas não buscam ajuda médica ou psicológica por não saberem ou não conseguirem identificar todos os sintomas e, por muitas vezes, acabam negligenciando a situação sem saber que algo mais sério pode estar acontecendo.

Amigos próximos e familiares podem ser bons pilares no início, ajudando a pessoa a reconhecer sinais de que precisa de ajuda. Um psicólogo, psiquiatra, terapeuta ocupacional ou terapeuta habilitado são os profissionais indicados para identificar o problema, orientando na melhor forma do tratamento, conforme cada caso e a realidade do paciente.

No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Rede de Atenção Psicossocial está apta para oferecer, de forma integral e gratuita, todo tipo de tratamento, desde o diagnóstico até à medicação, se necessária. Os Centros de Atenção Psicossocial da sua cidade são os locais mais indicados.

COMO TRATAR

Em geral, o tratamento é feito com psicoterapia presencial ou online, mas também envolve a necessidade de mudança de rotina e hábitos da vida profissional e pessoal do indivíduo, podendo incluir medicamentos a curto prazo (antidepressivos e/ou ansiolíticos).

Dependendo do caso, ainda é possível prescrever um tratamento natural e complementar: medicamentos homeopáticos, antroposóficos, florais, aromaterapia, plantas e ervas medicinais, alimentação específica, reprogramação mental e neurolinguística, reiki (pode ser à distância), bioenergética, hidroterapia, musicoterapia, massoterapia (do-in no caso do isolamento) entre outras terapias, desempenham resultados muito eficazes, mesmo se o paciente tiver necessidade de manter um medicamento alopático. O tratamento normalmente surte efeito entre um e três meses, mas pode perdurar.

É importante identificar quais os mecanismos e agentes estressores, modificá-los e adaptá-los à realidade da pessoa. Algumas das ações envolvem mudanças nas condições de trabalho – mudança do emprego, se for o caso – de ambiente, e principalmente nos hábitos e estilos de vida. A atividade física regular e os exercícios de relaxamento devem ser rotineiros para aliviar o estresse e controlar os sintomas. Após o diagnóstico médico ou de outro profissional habilitado, é fortemente recomendado que a pessoa tire férias e desenvolva atividades de lazer com pessoas próximas – amigos, familiares, cônjuges, vizinhos – saindo da sua “zona de estresse”.

COMO PREVENIR

A melhor forma de prevenir é através de estratégicas que diminuam o estresse e a pressão no trabalho ou na vida pessoal. Condutas saudáveis evitam o desenvolvimento do problema, assim como ajudam a tratar sinais e sintomas logo no início, evitando que o desequilíbrio evolua para uma depressão profunda.

As principais formas de prevenção a Síndrome de Burnout são:

  • Defina objetivos a curto prazo na vida profissional e pessoal, procurando definir as prioridades a cada dia. Muitas vezes, objetivos maiores, sem o foco no agora, a cada passo, geram angústia e ansiedade. Portanto, trabalhe no presente, como quem constrói a própria casa com um tijolo de cada vez.
  • Diminua o uso da tecnologia: procure estar mais em contato com a natureza, o ar puro e pessoas positivas.
  • Participe de atividades de lazer com amigos, familiares e conhecidos. Nesse momento de isolamento, procure conversar por telefone com quem você gosta, com pessoas que você pode confiar e que podem ajudar você a se sentir melhor.
  • Evite o contato com situações tóxicas e pessoas “negativas”, especialmente aquelas que reclamam do trabalho ou dos outros. Aqui, é importante mencionar que pessoas já traumatizadas anteriormente por ambientes pessoais e/ou familiares devem procurar evitar esses locais. Se não for possível, procure ajuda de um profissional para aprender a lidar com a realidade sem desgastar-se emocionalmente, conhecendo seus limites e os pontos a serem trabalhados internamente.
  • Converse com alguém de confiança sobre o que se está sentindo. Ter alguém para conversar e saber que você não está sozinho no mundo pode ajudar bastante.
  • Faça atividades que “fujam” à rotina diária ou faça a mesma coisa de forma diferente. Passear ou exercitar-se no parque, fazer uma caminhada no quarteirão, cozinhar receitas diferentes, aprender uma nova língua, exercitar um dom que você nunca teve tempo de colocar em prática são alguns exemplos.
  • Faça atividades físicas regulares. Pode ser academia, caminhada ou esteira em casa, corrida, bicicleta ou hergométrica, remo, natação, etc.
  • Procure por atividades relaxantes do sistema nervoso, do mental e emocional: Yoga, Tai-chi, Qi-Kung ou Qi-Gong, meditação diária, musicoterapia, leituras edificantes.
  • Evite consumo de bebidas alcoólicas, tabaco ou outras drogas, porque só vai piorar a confusão mental. Anestésicos em excesso também são prejudiciais.
  • Não se auto-medique nem tome remédios sem prescrição médica ou de profissional habilitado.
  • Outra conduta muito recomendada é descansar adequadamente, tendo uma boa noite de sono (pelo menos 8h diárias). É fundamental manter o equilíbrio entre o trabalho, o lazer, a família, a vida social e as atividades físicas, incluindo uma alimentação equilibrada e o autocuidado. Lembremos que dormir bem é como colocar gasolina no carro! Namaste!

Saiba mais sobre dicas saudáveis no isolamento: O Lado “B” da Quarentena: Crie cura no recolhimento

Luciane Strähuber – Educadora da Terapêutica Integrada

Fonte complementar: Ministério da Saúde no Brasil

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