“Aos olhos que desejam ver pelos meus olhos,
ofereço a escuridão da minha noite:
a profundidade das minhas raízes,
a profundeza dos meus oceanos
e o vazio do meu silêncio interior
que habita a vastidão do universo.
Só ofereço aquilo que conheço e que posso dar
na medida dos meus limites
com humildade, gratidão e respeito,
nem mais, nem menos.
Não ofereço nenhum caminho
pelo qual já não tenha passado,
cujas trilhas conheço todas, uma a uma,
mesmo quando na escuridão do meu ser.
Sou escuridão, sou profundeza,
Sou vazio e sou silêncio.
Mas também sou luminar, luminescência,
Sou Sol, Lua e Estrela!
Conhece sua Luz aquele que esteve nas suas profundezas.
Conhece sua Estrela aquele que viveu sob a noite da alma.
Um céu estrelado só se revela numa noite escura,
não menos cheia de Luz, sabedoria e significado.
Conhece sua força e coragem aquele que ousa,
que aprofunda-se nos seus oceanos emocionais
e desce fundo através das suas raízes –
as águas mais frescas e puras
se encontram nas profundezas.
Conhece a luminescência – luz e consciência –
aquele que mergulhou na vastidão do seu silêncio interior,
espaço que nada externo é capaz de preencher,
um vazio cheio de presença e transcendência.
O universo é repleto de ‘vazios cheios’,
preenchidos com matéria, energia, estrelas, vida.
Só pode ser Sol aquele que um dia foi Lua
para conhecer e alegrar-se com o luminar do dia e da noite.
Este é um princípio de equilíbrio,
do feminino e do masculino complementares,
do Yin e do Yang também residente em nós.
À semelhança das profundezas das raízes,
dos oceanos, do silêncio e do universo
somos este tudo no Todo, e o Todo é tudo em nós.
Olhar pelos olhos de outro, portanto,
é ter a coragem de mergulhar no seu âmago,
é calçar os seus sapatos e andar pelos seus pés.
A premissa para não se perder
nas suas e nas trilhas profundas do outro
é tornar-se os olhos do Lobo de Libra:
o mestre dos caminhos da noite da alma.
Aquele que tem a coragem de aprofundar-se em si
para mapear as trilhas dos seus abismos
terá a visão do Lobo de Libra:
olhos que aprenderam o equilíbrio da balança
entre o dia e a noite de Brahma,
entre o Kharma e o Dharma.
Você conhece as profundezas do seu ser
para ser os olhos do Lobo de Libra?
Para mudar e expandir sua visão?
Para desejar ser os olhos de outrem?”
©Yehuá e Uma Guardiã da Vida na Noite da Alma