Já ouvi muitas histórias sobre os tabus da menstruação, mas as que gostaria de partilhar aqui são relativas a algumas de minhas ancestrais, porque sempre refleti sobre os prós e contras de ser mulher naquela época. Por um lado, as mulheres eram reféns de todos os tabus sobre o tema, tendo que baixar a cabeça e aceitar sem questionar o que lhes era ensinado; por outro lado tinham mais saúde ao usarem panos de algodão costurados para este fim, por exemplo, ao invés dos absorventes tóxicos sendo vendidos hoje.
Recordo da conversa com uma de minhas avós me dizendo que a primeira vez que menstruou achou que estava morrendo 😮 Só depois de ter contado à sua mãe é que compreendeu o que significava. Com doze ou treze anos de idade, recebeu da mãe um vestido novo e do pai um bouquet de flores – fato que se sucedeu de forma semelhante comigo no dia da primeira menstruação.
Mesmo tendo tido esse belo ritual de passagem, algumas recomendações foram recebidas a seguir – orientações estas que permaneceram ao longo da vida dessa ancestral, até que a neta veio e quebrou o tabu. Durante o período menstrual, algumas delas diziam respeito a: não lavar a cabeça, porque o sangue poderia subir à cabeça – ainda não se sabe de onde esta informação surgiu… – guardar o pacote de absorventes em lugar discreto – homens não podiam ver; não fazer atividades muito intensas no período, colocar o absorvente no lixo enrolado em jornal ou papel higiênico – porque era feio alguém ver o sangue menstrual ao abrir o lixo, incluindo os homens que não poderiam vê-lo, jamais. Um dos homens da família conta que escondia-se atrás da cortina quando a irmã estava menstruada, passando longe, porque via “aquilo” como doença. Momento hilariante sempre que lembramos! 😉
Bom, sabemos que a medicina e a crença popular sempre tem um fundo de verdade porque são baseadas nas experiências de vida das nossas ancestrais. Mas, nem tudo precisa ser seguido à risca, e certas crenças precisam ser adaptadas à atualidade para que possamos evoluir nosso ser, nosso corpo e permitirmos que as tecnologias sustentáveis, que já são tantas, sejam utilizadas a favor dos nosso ciclos femininos e sagrados.
Observando as tecnologias que surgiram nestes últimos tempos, com a chegada dos absorventes orgânicos e veganos – Natracare, e dos absorventes ecológicos/ reutilizáveis, penso que demos um salto significativo neste campo, de alguma forma retomando, cada vez mais, a conexão com a natureza e a liberdade dos nossos corpos, assim como na época de nossas avós no que se refere ao uso de panos de algodão. Abaixo, um exemplo clássico e comparativo da evolução dos protetores convencionais para os orgânicos.
Legenda: Carefree – com cheiro, não biodegradável, com aditivo químicos e pouca capacidade de absorção/ Natracare – sem cheiro, biodegradável, feito de algodão orgânico, óleos essenciais e compostos naturais; com alta capacidade de absorção, evitando vazamentos.
Ainda que os absorventes orgânicos sejam uma ótima opção para quem quer fugir dos tóxicos, tendo 98% de sua composição biodegradável – vide link do artigo acima sobre a marca NATRACARE – não são de conhecimento de muitas mulheres. Isso porque são importados da Suécia, não são encontrados em qualquer lugar e possuem um custo mais alto do que o convencional para quem não pode pagar. Sigo desejando que surja uma empresa com fabricação aqui no Brasil, assim baratearia o custo pela metade.
Já, a outra opção, uma marca brasileira que está conquistando muitas mulheres – testada, utilizada e aprovadíssima do meu ponto de vista – é a KORUI (a palavra significa “nova vida”, crescimento): empresa que fabrica produtos de higiene íntima, incluindo tanto absorventes ecológicos e reutilizáveis quanto calcinhas absorventes, ambos feitos à base de fibra de bambu, camadas internas com 100% de algodão e tecidos impermeáveis e respiráveis. São ecológicos, livres de compostos plásticos, látex, géis, fragrâncias, elementos químicos e tóxicos ; são veganos – sem testes em animais e produtos derivados – mas não são orgânicos porque a camada externa é feita de poliéster e poliuretano.
Fiz uso de ambos – orgânicos e reutilizáveis – por um bom tempo e posso dizer que os reutilizáveis tem uma grande vantagem: não vão produzir lixo por até um prazo de 3 anos ou mais dependendo de como você os lava – sugiro sabão glicerinado e neutro, sem nenhum componente abrasivo – e de quantas vezes você os utiliza, assim como uma roupa que você cuida para durar por mais tempo. Lembro que um pouquinho de vinagre branco ou bicarbonato de sódio também ajudam na lavagem – no caso de ficarem de molho – e que muito sabão que se diz “de coco”, dependendo da marca, não tem nada de coco, além de possuir componentes abrasivos. Portanto, cautela para quem usa. Leia o rótulo e escolha o mais natural possível, com compostos vegetais e sem “branqueadores”.
No site da KORUI você encontra os representantes e pontos de venda, de acordo com a sua região, e todas as respostas para: formas de uso, como lavar, tipos e tamanhos de acordo com o tipo de fluxo, tempo de troca e outras dúvidas: http://www.korui.com.br/como-usar-o-absorvente-korui/
Para quem é adepta dos coletores menstruais, pode utilizar os dois em caso de vazamentos, substituindo assim os protetores de calcinha convencionais, que também são tão tóxicos quanto os absorventes por conterem petrolatos e a famosa dioxina, uma substância vilã e cancerígena para o nosso corpo, um componente listado como um dos mais tóxicos de todos os produtos químicos ligados ao câncer pela Environmental Protection Agency dos Estados Unidos.
Tanto a Natracare quanto a Korui possuem protetores de calcinha. Você também pode utilizá-los durante a gravidez e períodos não menstruais com aumento de secreção vaginal. A Korui tem formatos menores e com duas opções de tecido: conforto seco ou natural, ambos respiráveis – uma das minhas perguntas antes de comprar. Os modelos são lindos, alguns mais coloridos e outros mais discretos, para todos os gostos.
Essas são as sugestões de acordo com minha experiência. Fica a dica para quem quer experimentar e adentrar numa relação completamente nova com o seu corpo, respeitando seus momentos – se mais introspectivos ou extrovertidos – ouvindo seu corpo e seus ciclos com mais sabedoria, conforto e liberdade. Namastê! ❤
Leia mais: Coletor Menstrual: A Evolução do Absorvente Feminino /
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