
Imagem: Fênix Negra (Dark Phoenix), personagem de X-Men
Em tempos de haters, que tal falarmos um pouco sobre o que leva uma pessoa a desenvolver o sentimento de ódio? E, da mesma forma, como podemos compreender e tratar sua origem através da homeopatia, cujo princípio é propor a cura do semelhante pelo semelhante. Este delicado assunto pode ser pouco mencionado, mesmo estando tão presente nesta Era Digital, nos inúmeros casos que presenciamos ou ouvimos falar na internet e na vida real. Propomos um olhar sobre ele como forma de reflexão e, até mesmo, auto-análise e autoconhecimento.
O que nos chama a atenção é o fato de que odiar alguém acaba se tornando um vício, uma dependência a algo que agrega outras coisas. “A personalidade odiosa, frustrada, distorcida e deformada está fora de sintonia com o Universo. Inveja os que têm paz, são felizes, generosos e alegres. Geralmente critica, condena e difama aqueles que lhe demonstraram generosidade, bondade e compaixão. Assume a seguinte atitude: ‘Por que ele deve ser tão feliz se eu sou tão desgraçado?’ Deseja atrair a todos para o seu próprio padrão de vida. O seu infortúnio necessita companhia.” (Joseph Murphy). Há quem não faça a ligação de primeira, mas o ódio leva a uma grande porção de inveja e, como sabemos, a inveja dói.
O ódio é um sentimento de profunda antipatia, desgosto, aversão, raiva, rancor profundo, horror, inimizade ou repulsa contra uma pessoa ou algo, assim como o desejo de evitar, limitar ou destruir o seu objetivo. Tanto quanto o amor, o ódio nasce de representações e desejos conscientes e inconscientes. Segundo uma passagem de Martin Luther King: “Tenho visto demasiado ódio para querer odiar (…) Eu decidi ficar com o amor, pois o ódio é um fardo muito grande para suportar.”
Ódio, segundo o significado literal da palavra, significa: 1. Aversão intensa gerada ou motivada por medo, raiva ou injúria sofrida; odiosidade. 2. p.met. A pessoa ou a coisa odiada. Aqui, prestemos a atenção para o fato de que o ódio é relacionado, na sua tradução ou indicação de significado, com o MEDO, palavra-chave para a primeira identificação da Homeopatia Clássica.
Perguntas como: “Do que você tem medo? Qual o seu maior medo?” seriam o ponto de partida para compreendermos o comportamento odioso. Mas, quando falamos em ódio, através do repertório homeopático, falamos de Anacardium, Cicuta e Natrum Muriatricum, esse último com um toque de rancor e, por isso mesmo, o elegemos também como ódio coletivo, cólera e ira.
Também podemos ver o ódio como comparativo ao uso e à dependência química: “A compulsão para odiar, assim como a compulsão para usar drogas, se caracteriza por um estado de obssessividade e submissão, que escraviza a vontade e submete o desejo da pessoa. Em alguns indivíduos, a compulsão para odiar é mais forte que sua vontade de amar, perdoar e até de viver – o ódio é aquele que comanda sua vontade e seu corpo.” (Fernando Vieira Filho)
ANÁLISE
Esta análise tem o objetivo de identificar as essências homeopáticas mais indicadas para estes casos, o que não dispensa a importância e a presença crucial de um homeopata para auxiliar no diagnóstico e no tratamento.
- A Homeopatia Anacardium e seus complementares: Lycopodium, Pulsatilla, Platinum
Assim sendo, o Lycopodium vai ajudar a controlar o conflito; a Pulsatilla vai trabalhar na frustação, na sensação de abandono; o Platinum vai mexer com sua vaidade.
Reflitamos aqui: o ódio faz isso para além de sua própria prerrogativa, sinalizando o rancor extremo e a mágoa, aquela sensação de “sangue nos olhos”. O medo, por sua vez, faz essa diferença ainda maior. Medo é uma reação obtida a partir do contato com algum estímulo físico ou mental – interpretação, imaginação, crença – que gera uma resposta de alerta no organismo. Esta reação inicial dispara uma resposta fisiológica no organismo, liberando hormônios do estresse (adrenalina e cortisol) e preparando o indivíduo para lutar ou fugir.
Na prática, eis um exemplo: todo indivíduo é dotado de vaidade, como todo o fígado de secreção biliar, mas quando essa vaidade – ou essa secreção biliar – excedem, tornam-se estados mórbidos que devem ser curados. Para harmonizá-los, o Chelidonium ou a Bryônia podem resolver o problema da secreção e dominar o fígado, assim como o Palladium pode trazer a vaidade aos seus justos limites.
- A Homeopatia Natrum Muriaticum trabalha, da mesma forma, a mágoa e a depressão. Já a Cicuta Virosa, apresenta a sua grande aversão aos homens.
Também podemos atribuir a Belladonna, a Conium e a Mercurio uma boa ponta de ódio e, talvez, vamos conseguir entender um pouco, apenas um pouco, a onda de ódio e de fascismo que assola boa parte do mundo.
O que vem depois disso é uma espécie de embriaguez, um torpor e um vazio. Coisas que acabam sendo recorrentes e repetidas na vida pessoal, no grupo familiar ou no meio coletivo. A herança comportamental, no caso de grupos familiares, pode ser um exemplo para expressar a onda de violência que crianças muito pequenas vem repetindo nas redes sociais, com atribuições de um discurso praticamente adulto de ódio.
Em contra partida, algumas crianças vem sendo ameaçadas pela cor da roupa, pela cor da pele ou pela opção política dos pais, iniciando pelo bullying ou cyberbullying, que pode resultar em comportamentos odiosos. Há também os casos de pais que, assustados e desiludidos, necessitam lidar com a partida de filhos que estiveram envolvidos em grupos de ideologias rivais, seitas e congregações afora, completamente destoantes dos valores através dos quais foram criados. A construção de uma ideologia, portanto, nem sempre tem traços familiares, mas de convivência com a sociedade em que o indivíduo escolheu para viver, já que o meio gera uma grande influência sobre o comportamento humano.
A voracidade com que um animal defende seu território é, muitas vezes, observada na mesma proporção em nossa sociedade, como se houvesse uma “ausência de consciência humana”, um exemplo que deveríamos ter sempre em mente para refletirmos: O que move essa onda de ódio que vemos pelo mundo? Por que é tão difícil a convivência lógica e respeitosa de sobrevivência? Será que o mundo está passando por uma crise de valores? Ou será a famosa “crise dos espelhos”, onde se atribui ao outro os defeitos que tenho? Popularmente, este comportamento é chamado de inveja. A ganância, o egoísmo e a soberba também entram nessa análise, levando em conta toda a grade homeopática ligada a esses sentimentos que, muitas vezes, também fazem parte do comportamento odioso.
Nessa onda, ainda observamos o abusivo tratamento dado às mulheres em vários setores sociais e diferentes culturas, onde o ódio é gratuito, direcionado, marcado, pontual e, em alguns casos, “consentido”. Isso assemelha-se ao olhar dos imigrantes fugidos da guerra, quando encontram um muro de resistência humana em sua frente.
Sabemos que este tema jamais será matéria vencida para estudo, nem totalmente contido ou resolvido. O feio disso também representa o belo – os dois lados da moeda – pois temos o direito à escolha para sempre poder determinar a natureza a seguir, a capacidade de decisão, de livre arbítrio e de recomeço. Assim, não nos cabe culpar alguém, nem tão pouco jogar a responsabilidade para o outro.
Essa pequena parcela que separa a ação da reação sempre será responsabilidade de cada um de nós, e com as bênçãos e a sabedoria da Mãe Natureza, temos a homeopatia para nos ajudar a compreender, a nos conhecer, a entender e identificar a causa intrínseca em nossas raízes, a viver melhor conosco e com o mundo ao nosso redor.
Nos conhecendo, nos trabalhando e nos melhorando, somos capazes de compreender o caminho do coração, a frequência do amor que nos leva de volta à presença, no aqui e agora, para que nos amando verdadeiramente, possamos amar o outro! Quando olho para o outro com o coração – porque consegui olhar para mim com o mesmo coração – estou presente para mim, assim como estou presente para ele no Agora! Namastê! 😉
Luciane Strähuber – Educadora da Terapêutica Integrada
Fonte Complementar: Guia Homeopático / Homeopatas de Pés Descalços
Saiba mais: Tendências Emocionais e Homeopatia